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            O filósofo e escritor Mario Sergio Cortella ensina que diante de circunstâncias negativas, problemas e dificuldades que nos deparamos na vida é preciso fazer biópsia e não autópsia.

            A palavra autópsia é derivada do grego e significa "ver por si próprio". Consiste num procedimento médico feito em um cadáver para determinar a causa e modo da morte. Comumente é realizada por um médico especializado, chamado de legista num local denominado necrotério.

            Já a biópsia, também derivado do grego, significa “ver a vida”. É um procedimento cirúrgico no qual se colhem células ou tecidos orgânicos para serem posteriormente submetidos a estudo em laboratório, visando determinar a natureza e o grau da lesão estudada.  Tudo isso com o objetivo de diagnosticar o problema de saúde para iniciar o tratamento assim que possível. Geralmente a biópsia é feita ou estudada por um patologista.

            As duas definições apresentadas demonstram alguns aspectos a serem analisados sobre nosso comportamento perante as adversidades. A etimologia das palavras explica que quem faz autopsia apenas quer “ver algo por si próprio”, ou seja, apenas enxerga o problema. Por outro lado que faz biopsia quer “ver a vida”, isto é, encontrar algo de bom naquela enfermidade.

            Da mesma forma devemos nos comportar diante de um problema. Exemplo: furou o pneu do carro. Quem faz autopsia vai apenas constatar que o pneu está furado. Os que fazem biopsia enxergaram além do furo, verão o que possuem um carro.

            Com relação aos objetivos dos procedimentos, na autopsia apenas se visa identificar a causa ou motivos da morte. Na biopsia busca-se encontrar um diagnostico ou cura para a doença.

            Se tomarmos nossa atual crise politica e econômica como exemplo, encontraremos aqueles que só fazem autópsia: identificar a causa e os culpados pela situação. Felizmente existem os que fazem biópsia: procuram buscar soluções para mudar a situação protestando de forma pacifica e inteligente, provocando a reflexão, exercendo sua cidadania.

            A autopsia é feita em um necrotério (lugar de gente morta). A biópsia num hospital ou laboratório (lugar de gente viva). A forma como falamos e nos posicionamos diante das situações negativas constrói e transforma o lugar onde estamos. Tem pessoas que fazem do seu local de trabalho, casa e até em festas um verdadeiro necrotério: reclamam, fofocam e apontam problemas o tempo todo e com todo mundo.

            Oxalá que este texto desperte em nós a ânsia de sermos “patologistas” em detrimento dos “legistas” que sufocam o humor e a motivação com suas constatações óbvias e infrutíferas.