Existem certas situações que são irreparáveis e inevitáveis e esse tipo de circunstância, muitas vezes, são as raízes de nossas preocupações. O principio utilizado como título deste texto foi cunhado por Dale Carnegie. Ele nos ensina como nos comportar perante determinadas situações de modo a evitar e transcender diversas preocupações.
Em seu livro “Como Evitar Preocupações e Começar a Viver, Carnegie cita o exemplo de um homem que trabalhava como operador de elevador de carga que não tinha uma das mãos (esquerda). O autor questionou se a perda da mão o incomodava muito ao que ele respondeu: “Raramente penso nisso. Como sou solteiro, só penso nisso quando tenho de enfiar uma agulha”.
É incrível a capacidade que o ser humano tem de superar e adaptar-se as dificuldades ou perdas. Não consigo imaginar minha vida sem uma das mãos, mas seguramente se tivesse que enfrentar uma lesão deste nível, por mais tempo que levasse, acredito que teria a capacidade de aceitar e superar. Prova disso foi uma vez que fraturei minha perna esquerda. No começo tive muita dificuldade para me locomover, mas com o passar das semanas até esquecia que estava com a perna engessada.
A vida de Tony Melendez endossa tudo que Dale afirmou acima. Tony é um homem que nasceu sem os braços devido aos estragos de uma droga (talidomida) prescrita por ordem de um médico para sua mãe durante a gravidez. Todos podem pensar que o fato deste homem ter nascido sem braços afetou negativamente sua vida, contudo ele jogou futebol (soccer) em alta escola chinesa, não tinha limitações no ensino médio e odiava os braços artificiais. Ele é casado, tem dois filhos. Aprendeu a tocar violão e guitarra com os pés!!! Este dom possibilitou que em 15 de setembro de 1987 ele tocasse no Anfiteatro Universal em Los Angeles, para mais de 6.000 jovens e para o Papa João Paulo II. Ele também escreveu um livro chamado "Não me diga que você não pode"
. O filósofo William James afirmou: “A aceitação do que aconteceu é o primeiro passo para se dominarem as consequências de qualquer infortúnio”. Esta é a mais pura realidade. O dito popular diz “Não adianta chorar o leite derramado”, ou seja, o que está feito está feito, não pudemos mudar o que nos aconteceu no passado, mas podemos construir um futuro diferente senão nos deixarmos levar pelas preocupações.
Julguei muito interessante a comparação feita com as vacas Jersey. Dale disse que trabalhou cerca de doze anos com o gado e jamais vi uma vaca ficar com febre porque o pasto estivesse quente devida a falta de chuva, ou ainda, ficar sem comer porque o companheiro estivesse prestando demasiada atenção em outra bezerra.
Evidentemente que a analogia é metafórica, contudo podemos e devemos aprender muito com os animais. Os animais por serem “irracionais” não ficam se preocupando e lamentando pelos acontecimentos e intemperes que o cercam. Penso que aí está a raiz de diversas preocupações: racionalização exacerbada do que nos acontece.
Neste texto pudemos ler a frase de Henry Ford: “Quando nada posso fazer para resolver os acontecimentos, deixo que eles se resolvam por si”. Esta frase me faz recordar de um saudoso amigo: Pe. Léo. Quando estava preocupado ou sofrendo por algum problema insolúvel ele dizia para mim: “Douglas se o problema tem solução resolva-o, se não tem solução já está resolvido”.
Esta simples afirmação do Pe. Léo foi e é por diversas vezes um “remédio para minha alma”. Quando me deparo com alguma dificuldade e sei que não tenho uma solução deixo como está, não fico lutando contra algo que não posso vencer.
Por fim, que aprendamos o ensinamento dos pneus: absorver e não resistir aos problemas e preocupações que a vida nos apresentar.
Coopere com o Inevitável

