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“A verdadeira alegria de viver é ser uma força de prosperidade e não um idiota egoísta cheio de mazela e queixumes a reclamar que o mundo não se dedica a fazer você feliz”

George B. Shaw

           

            O pessimismo é um malefício discretamente perigoso que afeta pessoas e empresas. É preciso, urgentemente, identificar esse defeito para expurgá-lo, pois suas consequências são extremamente perniciosas para pessoas e organizações.

            Inicio narrando um fato inusitado que aconteceu comigo. Apesar da simplicidade, essa passagem me transmitiu uma grande lição acerca do pessimismo. Lição esta, vinda de uma pessoa que eu não esperava, ao menos naquele momento e circunstancias.

            Foi no ano de 2017. O Flamengo, meu time do coração, foi precocemente eliminado da maior competição do nosso continente: Taça Libertadores da América. Evidentemente que isso me deixou frustrado e deprimido. Até aí tudo normal, mas eu não poderia imaginar que o consolo para tal situação viria do meu filho de cinco anos de idade.

            Meu filho Vinicius percebendo minha decepção afirmou: “Isso não importa papai, ontem o Flamengo ganhou um troféu na casa da dinda...”. O troféu e o “ontem” a que ele se referia era o título estadual que o Flamengo conquistou no inicio daquele ano. A grande final nós assistimos na casa de minha irmã Flavia, daí sua referencia “na casa da dinda”.

            Racionalmente falando um titulo de campeão carioca é exponencialmente menor do que ser campeão da América. Contudo o fato se transformou numa oportunidade de treinar minha visão perante o pessimismo que em inúmeras situação tenta me abater.

            O Vinicius, dada sua idade, tinha pouca percepção de tempo, por isso afirmou “ontem” para um fato que ocorreu a vários meses antes. Porém essa mesma falta de percepção aparece nas pessoas maduras pessimistas. Dificilmente tornam presente algo de positivo que aconteceu no período de um ano, mas são capazes de lamentar por décadas algo de negativo que lhes ocorreu.

            Aqueles e aquelas que são acometidos pelo pessimismo possuem o “olhar treinado” para ver coisas negativas e por isso vivem reclamando. São incapazes de valorizar ou enxergar o que tem de bom em suas vidas e no ambiente a sua volta.

            Além de enxergar somente os aspectos negativos das situações, o pessimista, mesmo diante do que é bom pode tirar algo de ruim. Exemplo: o sujeito é promovido e ao invés de celebrar esta conquista fica se queixando pelo acumulo de trabalho.

            Uma das formas de romper com o pessimismo é valorizar o que se tem. Existem pessoas que reclamam de coisas do tipo: o patrão é muito exigente, a casa precisa de reparos, o trânsito estava muito difícil e que se cansava de dirigir, dores nos joelhos porque estava muito obesa, etc.

Essas coisas além de serem absolutamente normais da vida, também são motivos para pessoa ser grata, pois se tem um chefe exigente é porque tem emprego, se a casa precisa de reparos é porque tem uma casa para morar, se o transito está difícil é porque tem um carro para ir trabalhar, se está obesa é porque tem fartura de alimento.

            Desde os tempos mais remotos da humanidade nota-se que o pessimismo era presente. Prova disso são algumas passagens dos escritos cristãos:

 

“Estavam reunidos na Galiléia, e Jesus lhes disse: ‘ O Filho do homem deve ser entregue nas mãos dos homens; eles o matarão e no terceiro dia ele ressuscitará’. Eles ficaram profundamente entristecidos.” (Mt 17, 21-23)

 

            Ao refletir sobre essa passagem fiquei surpreendido com a reação dos apóstolos acerca do que Jesus lhes ensinou. É afirmado no texto que eles ficaram “profundamente entristecidos”. Segundo outras traduções: “profundamente aflitos”.

            Numa leitura distraída deste texto podemos até concordar com os apóstolos afinal Jesus anuncia sua morte, porém Jesus não anuncia somente sua paixão, mas principalmente sua ressurreição: “no terceiro dia ele ressuscitará”!

            A tristeza ou aflição dos discípulos é justificada pela incompreensão deles a partir do que Jesus lhes transmitia. Eles pararam no negativo: “deve ser entregue nas mãos dos homens; eles o matarão...”.

            Constatando a incompreensão dos personagens bíblicos somos interpelados a olharmos para nós mesmos e refletir quantas vezes nos comportamos dessa maneira perante as situações do dia a dia, com nosso trabalho e com as pessoas que convivemos.

            Todos e cada um de nós temos inúmeras qualidades, acertos, valores... Entretanto consciente ou inconscientemente paramos em nossos defeitos e/ou limitações se entristecendo ou afligindo pelo que não temos, pelo que não conseguimos fazer, pelos nossos erros, ou seja, paramos no negativo. E por isso somos pessimistas.

            Com os fatos cotidianos, o comportamento é semelhante: podem acontecer inúmeras coisas positivas a nossa volta (dia ensolarado, presente recebido, uma conquista no emprego, etc.), mas a tendência é se entristecer pelo time ter perdido, por uma discussão qualquer ou algo isolado que nos aconteceu durante o dia.

            Triste é quando este tipo de atitude se dá para com as pessoas com as quais convivemos. Seu marido pode ser companheiro, honesto, bom pai, mas por ele ter feito algo que você não gostou, todas essas virtudes são esquecidas. E o mesmo acontece no relacionamento de pais e filhos, amigos, colegas de trabalho ou escola, clientes, fornecedores, etc.

            Faz-se necessário ampliarmos nossa visão diante de todas as realidades que nos circundam, não para cairmos num falso otimismo de achar que tudo está bom, mas para adquirirmos um realismo ativo e proficiente.

            Outro maleficio diretamente ligado ao pessimismo é o abstracionismo. Comumente esta expressão refere-se a arte: “arte abstrata”. Contudo, na vida real, esse tipo de atitude não tem nada de arte e/ou beleza.

            Pessoas abstracionistas são aquelas que não agem ou pensam de forma concreta. Uma vez que não conseguem concretizar aquilo que pensam e acreditam, caem no pessimismo procurando desculpas e culpados para sua maneira pessimista e abstrata de encaram a vida.

            Antes de começar a reclamar é preciso conscientizar-se da ineficácia desta atitude e ter a sabedoria de calar-se e ser grato!

Supere o Pessimismo

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